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Treinamento Funcional




Não é novidade para ninguém a minha opinião sobre a não-utilização de máquinas de musculação no treinamento físico. Meu objetivo não é criar polêmica ou desmerecer otrabalho de outros profissionais, mas sim expressar meu ponto de vista acerca do que acredito e executo todos os dias.
Não posso, ainda, deixar de mencionar que o treinamento físico funcional NÃO é novidade para ninguém. Esse formato de treino já existe há muitos anos e a grande diferença hoje, em relação há alguns anos, é a metodologia, a qual foi sendo adaptada de forma a buscar, em primeiro lugar, a saúde articular e, após, os outros objetivos como: i) emagrecimento; ii) hipertrofia; iii) alto rendimento; etc. É, portanto, nessa linha que trabalho.
O objetivo deste artigo é mostrar de que forma organizamos os treinos, como eles se dão no nosso centro de treinamento e, por fim, de que modo eles progridem, fase a fase, tornando-se cada vez mais intensos e desafiadores.
Dividimos os primeiros 06 meses de treinamento em 05 fases. Estas têm como objetivo dar condições às articulações, aos músculos e ao sistema cardiorrespiratório de se adaptarem às novas exigências, pois a intensidade dos treinos é crescente e esta progressão deve ser realizada gradualmente e com segurança.
O aluno que inicia, obviamente, começa na fase 01 e, a cada 12 treinos, evolui para uma nova. Após estas fases iniciais, direciona-se cada vez mais para os objetivos propostos previamente. Essa forma de progressão nos dá segurança nos treinos, minimizando os riscos de lesões. Nessas primeiras fases, os desafios ao corpo são inúmeros e, neste momento, identificamos aqueles que realmente gostam de treinar. Falo isso porque nem todos estão dispostos a serem desafiados, nem todos querem isso. Estes desafios são propostos levando em consideração vários fatores como idade, condição física, tempo de treino, etc.

Partes do treino:
1ª – AUTOLIBERAÇÃO MIOFASCIAL: automassagem com rolos de alta densidade, bastões, bolas de tênis e outros objetos. O que se quer é preparar a musculatura para o treino. Esta é a única parte do treino em que a dor deve ser buscada. Se houver dor, devem ser pressionados tais locais para se dissiparem os pontos de tensão. O alívio de dores articulares e musculares é reflexo desta técnica, oriunda da fisioterapia.
2ª – AQUECIMENTO: aqui é o verdadeiro treinamento funcional. Nesta parte, aquece-se o corpo e corrigem-se os posicionamentos articulares. Inicia-se pelo tornozelo e finaliza-se na articulação gleno-umeral (ombros), de forma a educar o sistema nervoso central (SNC) a correta posição articular. Aqui é o ponto chave para entender de que forma, de fato, trabalhamos com nossos alunos.
3ª – CIRCUITO METABÓLICO: nesse estágio, busca-se treinar o sistema cardiovascular e cardiorrespiratório. Muitos chamam de treino aeróbico, mas não seria o mais correto, pois nessa parte do treino a frequência cardíaca sobe muito e as rotas metabólicas são todas utilizadas, desde anaeróbico até aeróbico, pelo volume de treino. Aqui o que se quer é alcançar o máximo de estímulos possíveis, tanto dos membros inferiores quanto dos superiores, mas sempre na maior intensidade possível. Utilizamos saltos, corridas, empurrar trenó, arremesso de bola pesada, kettlebell, cordas pesadas,escada de agilidade e outras ferramentas que nos ajudam a treinar em intensidade alta e com qualidade.

4ª – TREINO DE FORÇA (também chamado de musculação): a grande diferença aqui é que não treinamos músculos, mas sim os padrões de movimento como: i) empurrar horizontal; ii) empurrar vertical; iii) puxar horizontal; iv) puxar vertical; v) dominante de joelho; vi) dominante de quadril; vii) padrões diagonais; viii) estabilidade parede anterior e posterior; etc. O objetivo é colocar carga suficiente para que o aluno faça, realmente, força. Trabalhamos de 08 a 10 repetições. Não nos preocupamos em fazer grandes quantidades de exercícios para cada grupo muscular. A ideia é fazer cada padrão com a maior exigência possível.
5ª - TREINO DE POTÊNCIA: é inserido sempre no início da sessão de treinamento. Para atletas, estes estímulos são indispensáveis. Já para alunos, insere-se o treino de potência para aqueles que queiram treinar neste nível. Utiliza-se pliometria (saltos), levantamento olímpico, kettlebell, etc.

Na prática são 03 treinos diferentes. Cada dia, o aluno faz um dos três e este ciclo repete-se, no máximo, 04 vezes.
São raros os casos de alunos que iniciam em outra fase, que não a primeira. São casos de pessoas treinadas, com ótimas qualidades articulares e condicionamento geral evoluído.
Esta sequência é padrão, mas pode ser alterada conforme a necessidade e objetivo de cada aluno.
Para o treinamento neste formato, como acima referido, a utilização de progressões por fases é muito importante para o desenvolvimento motor e orgânico dos alunos e atletas.
Importante ressaltar que muitas bobagens já foram escritas e ainda são faladas sobre treinamento funcional. O que posso dizer, por fim, é que, caso vocês tenham realmente interesse saber de que forma montamos e desenvolvemos nossos treinos, podem buscar informações sobre Michael Boyle, Gray Cook, Mark Verstegen, Charlie Weingroff, para ficar só nos principais. Estes são, de fato, treinadores multicampeões, que treinam pessoas comuns e atletas de verdade com competência suficiente para serem consideradas referências para todos nós.
A dica que deixo é a seguinte: procurem diferenciar o que é modismo do que é filosofia de treino. Só assim poderão fazer um exame crítico acerca dos métodos que não concordam, expondo suas idéias em alto nível, contribuindo para o debate e crescimento da nossa ciência.

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